terça-feira, 28 de junho de 2011

Amazonas sedia seminário sobre Criminalização da transmissão do HIV

A Associação Orquídeas GLBT realiza entre os dias 28 e 30 de junho o Seminário: Criminalização da transmissão do HIV e seus impactos na epidemia da AIDS. O GTP+ participa do evento em dois momentos, no primeiro dia irá abordar sobre as discussões nacionais sobre a Criminalização da Transmissão do Vírus HIV/AIDS, e no dia 29 contribui na mesa sobre Vacina Anti-HIV. A atividade acontece no auditório 02 da Dermatologia, localizado na Fundação de Medicina Tropical e servirá de referência para a reconstrução do Plano Estadual de Enfrentamento a Feminização das DST/HIV/AIDS no estado do Amazonas.

domingo, 19 de junho de 2011

Soropositivos no Rio de Janeiro sofrem com a falta do medicamento Atazanavir

Esta semana entidades em defesa dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV e Aids divulgaram uma carta aberta à sociedade, em repúdio à falta de medicamento e compromisso com a saúde pública aos soropositivos. "Nós da sociedade civil organizada ficamos indignados com a falta de informações prévias para a população sobre o desabastecimento. É inaceitável que os usuários sejam informados apenas no balcão da farmácia. Como em outros recentes episódios similares não há esclarecimentos, muito menos pedidos de desculpas à população, sobre os desabastecimentos, que hoje já se tornaram sistemáticos. Lembremos que já é a segunda vez, somente em 2011, que falta Atazanavir na rede local e nacional." (trecho da Carta).

Leia a Carta na integra, uma iniciativa da ABIA e assinada também pelo Fórum de ONGs/AIDS de SP e pelo Grupo Pela Vidda/RJ.

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Carta Aberta à sociedade


Desde a semana passada, o Rio de Janeiro vem sofrendo com a falta do medicamento Atazanavir na rede pública de saúde. Hoje, dia 16 de Junho de 2011, dois integrantes da ABIA foram ao Hospital Universitário Pedro Ernesto para retirar o medicamento. No entanto, foram informados de que os medicamentos (as formulações de 300mg e 400mg) estavam em falta. Após insistirem sobre esclarecimentos sobre a razão da falta, o serviço de farmácia dispensou cinco comprimidos de 300mg para cada um. Além disso, salta aos olhos que o medicamento tenha validade apenas até Julho de 2011, gerando incertezas ainda maiores sobre o estoque e sobre toda a logística de distribuição do sistema público.

Nós da sociedade civil organizada ficamos indignados com a falta de informações prévias para a população sobre o desabastecimento. É inaceitável que os usuários sejam informados apenas no balcão da farmácia. Como em outros recentes episódios similares não há esclarecimentos, muito menos pedidos de desculpas à população, sobre os desabastecimentos, que hoje já se tornaram sistemáticos. Lembremos que já é a segunda vez, somente em 2011, que falta Atazanavir na rede local e nacional.



É possível levantar diversas hipóteses para o desabastecimento do Atazanavir e de outros medicamentos. No entanto, o fato é que não há informações claras sobre as razões do problema, nem tampouco sobre medidas adotadas para evitar futuros desabastecimentos. Isso só nos faz pensar na ineficiência da gestão pública atual nos níveis central e locais.



No ano passado, em sua campanha, a presidente Dilma Roussef assinou um compromisso que não haveria falta de medicamentos para tratar a epidemia de HIV/Aids. Apenas seis meses do início de seu mandato já estamos denunciando pela segunda vez a falta do mesmo medicamento. Não é demais lembrar que em 2010 quatro outros medicamentos faltaram na rede pública: abacavir, lamivudina, nevirapina e a associação entre lamivudina e zidovudina.



É inaceitável que a universalidade do acesso aos medicamentos antiretrovirais, aclamada internacionalmente como exemplo para outros países, seja colocado em risco por seus próprios gestores, que não tem conseguido nem resolver, nem explicar, nem buscar formas de evitar que o problema se repita. São esses mesmos gestores que vão à Reunião de Alto Nível sobre Aids da Organização das Nações Unidas apresentar “êxitos e disponibilidade para ajudar os demais países (...) a enfrentar a doença”. Os ministros da Saúde Alexandre Padilha e das Relações Exteriores Antonio Patriota fizeram discursos exaltando os bons resultados da resposta brasileira. Esses bons resultados são uma conquista de anos de esforços da sociedade brasileira. É lamentável que enquanto internacionalmente o Brasil sirva como referência, internamente, os próprios gestores estão contribuindo para o desmantelamento e enfraquecimento da resposta à epidemia ao invés de trabalharem para preservar o que já foi construído. Os bons resultados no enfrentamento ao HIV/AIDS podem ser uma referência para o mundo, no entanto precisam ser sustentados dentro do país, inclusive para contribuir para a resposta a outras epidemias no Brasil.

Saiba mais sobre o caso:
Medicamento antirretroviral atazanavir - Bristol

O medicamento antirretroviral atazanavir é protegido por uma patente de titularidade da empresa Bristol Meyer Squibb (BMS). Em 2009,o atazanavir consumia 14% do orçamento direcionado à compra de ARVs no Brasil e seu preço é muito elevado (US$ 2,80) por unidade de 300mg e US$ 1,85 por unidade de 200mg. O preço do medicamento na versão 300mg é US$ 1.022 por paciente por ano no Brasil.

Atualmente cerca de 40 mil pessoas tomam o Atazanavir no Brasil, significando mais de 1 milhão e meio de cápsulas por mês.

A título de ilustração, o preço da versão genérica da unidade de 200mg comercializada pela empresa Matrix é US$ 0,70, um quarto do preço pago pelo Brasil, o que significa US$256 por paciente por ano no Brasil.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

As várias faces da Aids em 30 anos de Epidemia

Em 30 anos de epidemia, a doença que deixou de ser conhecida como o Mal do Século, não tem cara, nem endereço, afeta mulheres, adolescentes e pobres, e segue seu rumo ao interior do país, nas pequenas cidades visibilizando ainda mais os problemas de saúde pública. Hoje atinge cerca de 630 mil brasileiros soropositivos ao vírus HIV.

Esta geração que hoje tem 30 anos ou menos, ainda não perdeu os vícios e o preconceito que ainda cerca as pessoas vivendo com HIV e AIDS. A necessidade de combate ao estigma, ignorância, rejeição e à discriminação é urgente, pois já faz parte de brigas judiciais, e até de criminalização dessa população. “Isso alimenta o número de pessoas que vivem com o vírus e que ignoram sua condição, não aderindo ao tratamento dos medicamentos. O que resulta na mortalidade de mais de 12 mil por ano.”, disse o coordenador geral da ONG GTP+, Wladimir Reis.

Em menos de 15 anos, ela já havia mudado de face. No início da epidemia, na década de 80, se calculava uma mulher com Aids para cada 40 homens infectados. Hoje, essa proporção já está em um por um. Há também um grande número de adolescentes, o que preocupa de como esses jovens estão enfrentando questões que fazem parte da idade, como a sexualidade e sua conduta na escola.

O uso de drogas e da violência urbana, também é uma realidade e vem crescendo entre os jovens e adultos soropositivos ou não. O que nos revela mais uma preocupação com relação aos serviços públicos, que ainda não estão preparados para receber esta nova demanda. Para Wladimir Reis, coordenador geral do GTP+, está é uma realidade crescente vivenciada pelos serviços não governamentais que atuam com a temática. “Novas drogas que causam grande dependência física e psicológica, proporciona ainda mais vulnerabilidades a cidadãos ou cidadãs ao HIV”, disse.

Os 30 anos de Aids que já fizeram 25 milhões de vítimas em todo o mundo, também foi uma época de grandes êxitos contra o vírus. Em 1996, com o desenvolvimento dos anti-retrovirais, a doença passou a ser hoje uma enfermidade crônica. O progresso científico na luta contra a Aids, lembrando que atualmente é possível eliminar a contaminação entre mãe e filho. A produção em pesquisas de novos produtos, que é uma saída para substituir a quantidade de medicamentos que o soropositivo tem que tomar quando adere ao tratamento. Os esforços agora são direcionados para a prevenção com novos métodos: a circuncisão, que segundo pesquisas podem diminuir as chances de contágio; um gel microbicida para as mulheres e o tratamento dos doentes que diminui em mais de 90% as chances de transmissão do vírus. Também com relação aos novos métodos de prevenção, baseados na mudança de estratégias na sensibilização ao uso de preservativo e também de antiretrovirais antes e após a relação sexual de risco.

O relatório anual de casos de Aids em Pernambuco comprova que o controle da doença está longe de ser equacionado. Para se ter uma idéia, o número de casos notificados entre 1983 e este ano é de 15.484 casos, sendo 10.233 em homens e 5.251 em mulheres. Dos 185 municípios de Pernambuco, incluindo Fernando de Noronha, 173 apresentam pelo menos um caso de Aids registrado (Fonte: SINAN/PE).

A luta do Movimento Nacional de Luta Contra a Aids, que sem dúvida tem uma grande parcela nos resultados positivos do programa de AIDS do Brasil, visto pelo mundo como modelo. Atualmente busca a garantia da qualidade de vida para todos os/as soropositivos/as, pelo acesso ao tratamento ambulatorial e hospitalar, de leitos hospitalares e a garantia dos medicamentos. Hoje é necessário incentivar ações para por fim ao preconceito em escolas, hospitais, no âmbito do trabalho e da família.

A aids em número - A cada minuto acontecem 11 novos casos no mundo. Só no ano passado, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), foram registrados 5,8 milhões de novas contaminações e 2,5 milhões de mortes. A Região Sudeste tem o maior percentual de notificações de infecção por HIV, com 305 mil casos (60,4%) entre os 630 mil existentes. O Sul concentra 95 mil casos (18,9%, acima de seu percentual populacional), o Nordeste 58 mil (11,5%), o Centro-Oeste 28 mil (5,7%) e o Norte 18 mil casos (3,6%).

5 de junho - Há 30 anos, no dia 5 de junho de 1981, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriu em cinco jovens homossexuais uma estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema imunológico muito debilitado. Um mês depois, foi diagnosticado um câncer de pele em 26 homossexuais americanos e se começou a falar de "câncer gay". No ano seguinte, a doença foi batizada com o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Sida, em inglês Aids.

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