Sobrevida dobrou entre 2000 e 2007
Portadores ainda lutam contra o preconceito, mas conquistam direitos
BRASÍLIA. Três décadas depois dos primeiros registros dos casos de AIDS no Brasil, a principal categoria de exposição da doença não é mais a dos homossexuais, mas a dos heterossexuais.
A diretora do Departamento de AIDS, Mariângela Simão, diz que ainda assim, até hoje, há resquícios do estigma contra os portadores do HIV.
Ela lembra que documentos do Ministério da Saúde daquela época classificavam a doença como uma "epidemia gay" e se pregava a restrição a um único parceiro nas relações sexuais: - Até hoje há discriminação, uma marca do início da epidemia.
Essa questão moralista sempre esteve presente. No começo, as pessoas se aposentavam, eram afastadas do emprego.
A luta hoje ainda é pela não exclusão do SOROPOSITIVO.
A diretora se recorda de que o final dos anos 80 e o início dos 90 foram períodos marcados também pela aparição de celebridades contaminadas pelo HIV, como a atriz Sandra Bréa, o cantor e compositor Cazuza e o sociólogo Betinho.
- A doença ganhou publicidade.
Mas foi só a partir de 1996, numa conferência internacional de AIDS em Vancouver, no Canadá, quando foi apresentado o coquetel antiAIDS, que o cenário começou a mudar. No Brasil, a sobrevida dos pacientes dobrou entre 2000 - quando era de 58 meses - e 2007, quando chegava a 108 meses.
- Na década de 80, o tempo entre o diagnóstico e o óbito era de cinco meses. Nos anos 90, foi para cinco anos e chegamos agora a dez. Isso muda a perspectiva - diz Mariângela.
"O tratamento passou a ser ambulatorial", diz paciente
Gerson Winkler diz que a chegada dos medicamentos foi um momento mágico para quem vive com o HIV e desenvolveu a AIDS: - Foi um sopro de vida.
Para ele, a atual década é a da conquista dos direitos civis dos portadores do vírus.
- É uma época em que as pessoas estão retomando suas vidas e voltando ao trabalho.
Acabou a internação dos pacientes e o tratamento passou a ser ambulatorial.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 85% dos municípios do país têm pelo menos um caso de HIV registrado.
O Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência de infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.
Do total de registros de AIDS no país, foram identificados cerca de 315 mil casos em homens e cerca de 160 mil em mulheres. Mas, ao longo do tempo, a razão entre os sexos diminuiu de forma progressiva.
Em 1985, eram 15 casos de doença em homens para um em mulher. Essa relação, hoje, é de 1,5 para 1.
Fonte: O Globo - RJ
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