quarta-feira, 31 de março de 2010

Comunicação e ética é o que espera a comunidade em pesquisas


A oficina de Boas Práticas de Participação Comunitária, realizada nos últimos dois dias (29 e 30 de março) em Recife, reafirmou a necessidade de tornar referência o documento da UNAIDS, como ponto de partida para o cumprimento da ética em pesquisas de HIV e Aids. Para as 20 representações da sociedade civil organizada, de Fóruns, Redes e membros do Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas Clínicas em HIV (CCAP-PE), o documento colabora para um avanço na discussão de Vacinas.

O documento da UNAIDS, que é destinado especialmente para pesquisadores, é para a comunidade um orientador para pensar as suas ações, e que pode servir também para entender melhor o universo da ciência. O documento trata da excelência científica e a integridade ética na pesquisa, a clareza de funções e as responsabilidades tanto dos pesquisadores como também da comunidade, a autonomia, a transparência dos protocolos de pesquisa, entre outros. Durante a discussão, foram levantadas questões importantes com relação aos voluntários de pesquisa, como: a falta de retorno e comunicação no fim da pesquisa, as normas de prevenção, mecanismos para garantir o respeito com os voluntários.

Para a oficineira e pesquisadora Gabriela Calazans, do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids–SP (CRT-SP), há dois grandes desafios a serem enfrentados hoje em pesquisas em HIV. Uma delas é a necessidade de desenvolver estratégias de educação e compartilhar conhecimentos com a comunidade. “A outra é de convencer pesquisadores principalmente da biomedicina do valor da participação comunitária, da aproximação, para contribuir no avanço da ciência”, completou.

Os integrantes do CCAP-PE afirmaram a necessidade de construir um documento nacional que indique boas práticas de participação comunitária, baseada em pontos importantes do documento da UNAIDS. "É um desafio aproximar a acadêmia da comunidade. Um documento de negociação com a acadêmia abriria portas para essa aproximação", disse Gleyce Gueiros, representante da Diaconia-PE no CCAP-PE.

Também participou do encontro Rubens Raffo, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV+ POA - RS, que levará a experiência para o seu Estado. “Espero que essa oficina no RS sirva para unir e aderir mais pessoas a esse tema, que ainda é tão difícil a adeção por parte da comunidade”, disse. Além disso, pretende criar outros métodos para que a discussão vá além do que já foi discutido em Pernambuco, principalmente na participação comunitária que se refere aos Centros de Ética de Pesquisas.

Este evento foi uma parceria entre o Grupo de Incentivo à Vida (GIV) de São Paulo e o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) de PE, com o apoio do CCAP-PE, da AVAC (Aids Vaccine Advocacy Coalition) , CRT-SP (Centro de Referência e Treinamento DST/Aids - Secretaria Estadual de Saúde –SP), e também do Programa Estadual de DST/Aids de PE.

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