quarta-feira, 28 de abril de 2010

Boletim Vacinas Posithivas [edição nº 2]

Segue abaixo o Boletim Vacinas Posithivas - nº 2, com as notícias relacionadas à luta por uma vacina contra o vírus HIV/AIDS. Nesta segunda edição, o boletim aborda sobre as experiências entre o Brasil e África do Sul no campo de Vacinas, e também das novas estratégias de prevenção nos dois países.

Boa leitura!!!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Casa é nova, mas a Cozinha é a mesma

O projeto Cozinha Solidária inaugurou nesta segunda-feira (26) o novo espaço, com uma melhor estrutura e equipamentos para atendimento do público. O evento contou com a presença de beneficiários e colaboradores do GTP+, parceiros e representantes governamentais. Para o coordenador do Programa Estadual de DST/Aids de Pernambuco, François Figueirôa, a Cozinha Solidária promove a diminuição do preconceito com os soropositivos. “Este projeto promove solidariedade para com as pessoas vivendo com o vírus HIV. Aumenta a auto-estima, e com a proposta da Escola de Culinária vai estimular a profissionalização”, completou.

Durante a inauguração, o coordenador geral do GTP+, Wladimir Reis, contou sobre o trabalho que a Cozinha Solidária realiza. “Desde seu início em outubro de 2007, a Cozinha Solidária gradativamente vem se tornando uma fonte de recursos para a organização. Além disso, minimiza o preconceito ao HIV e auxilia na prevenção ao HIV/AIDS, já que os clientes convivem com pessoas positivas”.

A Cozinha Solidária surgiu para atuar na segurança alimentar de pessoas vivendo com HIV/AIDS que participam dos demais projetos propostos pelo GTP+, através da produção de refeições e lanches nutritivos e balanceados. “É sempre muito bom almoçar na Cozinha Solidária, que nos proporciona uma alimentação adequada, e agora com o novo espaço, está mais acessível à população que tem alguma dificuldade de locomoção”, disse Salmir Freire, beneficiário da instituição. Para outro parceiro do GTP+, Roberto Brito, integrante da RNP-PE, esse projeto mostra a superação de pessoas vivendo com HIV contra o preconceito. “Que ele sirva de exemplo também para outros soropositivos”, completou.

Há cerca de dois anos a Cozinha Solidária lançou a campanha “Uma deliciosa forma de ajudar”, em parceria com a organização The International Exchange (TIE) e a Inata-AESO, o que resultou em novas parcerias para o projeto. A campanha teve como objetivo desmistificar tabus de como se pega o vírus e minimizar a discriminação. O restaurante , que teve a estrutura e os equipamentos viabilizados por uma parceria do GTP+ com a USAID/Brasil e a Pact, é formado por uma pequena equipe, um cozinheiro e mais três auxiliares de cozinha para a produção de refeições que atende cerca de 50 pessoas por dia. Toda a verba adquirida é revertida para o atendimento aos soropositivos, e continuidade do projeto. Além de fornecer almoços e lanches diários, também recebe encomendas de pequenos e médios eventos de organizações não-governamentais. O próximo passo é tornar realidade a Escola de Culinária, para isto o GTP+ busca apoio de recursos para ampliar a equipe e a infra-estrutura local.

Articulação AIDS em Pernambuco participa da mobilização nacional “Tolerância Zero”


Na próxima quarta-feira (28), Articulação AIDS em Pernambuco, juntamente com outros fóruns de luta contra AIDS e redes de pessoas vivendo com HIV/AIDS, participa da mobilização nacional Tolerância Zero contra a falta do medicamento antirretroviral abacavir em nível nacional.

Os ativistas realizarão, às 8h30, um protesto na frente da Secretaria Estadual de Saúde para denunciar esta situação em Pernambuco e distribuir uma carta-denúncia à população. Segundo uma das coordenadoras da Articulação AIDS em Pernambuco, Tânia Tenório, ainda há muitas lacunas na atenção à saúde dos soropositivos. “Nosso objetivo vai muito além do fornecimento dos medicamentos necessários às pessoas vivendo com HIV. Queremos a garantia de um serviço de saúde capaz de atender às necessidades essenciais dessa população, que vai desde o acesso aos antirretrovirais até casas de apoio para as pessoas em situações de rua, por exemplo.”

No estado, são 13.103 pessoas notificadas com o vírus HIV, das quais apenas 5.400 adultos e 211 crianças fazem o uso de medicamentos antiretrovirais e medicamentos complementares para evitar as doenças oportunistas, como a tuberculose que contribui para debilitação do estado de saúde das pessoas vivendo com AIDS.

Articulação AIDS em Pernambuco - A Articulação AIDS em Pernambuco, fundada em 1996, em Recife, é um fórum de articulação política do movimento de luta contra a AIDS, sem distinções religiosas, raciais, étnico-raciais, ideológicas, de gênero, de classe social, de orientação sexual, de faixa etária, partidárias ou sorológicas. Congrega 27 Organizações da Sociedade Civil, Redes, Movimentos e seis Ativistas Independentes que atuam no campo das DST/HIV/AIDS e Tuberculose no Estado.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Cozinha Solidária inaugura novo espaço


A campanha "Uma deliciosa forma de ajudar", da Cozinha Solidária desenvolvida pela ONG Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) em parceria com a organização The International Exchange (TIE), que foi lançada há dois anos já está dando bons frutos. No dia 26 de abril inaugura seu novo espaço, com uma melhor estrutura e equipamentos para atendimento do público, viabilizados por uma parceria do GTP+ com USAID/Brasil e a Pact.


A Cozinha Solidária surgiu para atuar na segurança alimentar de pessoas vivendo com HIV/AIDS que participam dos demais projetos propostos pelo GTP+, através da produção de refeições e lanches nutritivos e balanceados. Desde seu início em outubro de 2007, a Cozinha Solidária gradativamente vem se tornando uma fonte de recursos para a organização. Além disso, minimiza o preconceito ao HIV e auxilia na prevenção ao HIV/AIDS, já que os clientes convivem com pessoas positivas. “Proporciona a inclusão de pessoas vivendo com HIV e AIDS na sociedade, cozinheiros(as) e auxiliares de cozinha que não conseguem mais trabalho ou foram mandados embora pela sua sorologia”, diz Wladimir Reis, coordenador geral do GTP+.

A campanha que teve como objetivo desmistificar tabus de como se pega o vírus e minimizar a discriminação vem colaborando com a sustentabilidade financeira e política da ONG. O restaurante da Instituição que teve o apóio da Pact Brasil com recursos para a reforma e equipamentos, é formada por uma pequena equipe, um cozinheiro e mais três auxiliares de cozinha para a produção de refeições que atende cerca de 50 pessoas por dia. Toda a verba adquirida é revertida para o atendimento aos soropositivos, e continuidade do projeto. Além de fornecer almoços e lanches diários, também recebe encomendas de pequenos e médios eventos de organizações não-governamentais.

O próximo passo é ter no novo espaço, uma Escola de Culinária, para isso o GTP+ busca apoio de recursos. Para colocá-la em prática é necessário ampliar a equipe e a infra-estrutura local para dar suporte aos novos aprendizes.

O GTP+ foi fundado em dezembro de 2000, a partir da necessidade de formação de uma entidade coordenada por pessoas vivendo com o vírus HIV e doentes de Aids que desenvolvessem trabalhos de prevenção, com o objetivo de contribuir no enfrentamento da epidemia. Tem como missão buscar, fortalecer e Garantir a Cidadania do público beneficiário através do ativismo e da prevenção em DST/ HIV e AIDS.

Serviço:

Inauguração Novo Espaço da Cozinha Solidária

Dia: Segunda-feira, 26 de abril de 2010

Local: Av. Manoel Borba, nº 487, Boa Vista – Recife/PE

Artigo de Emma Arnold sobre As Meninas Super Prevenidas


Com o título "As Meninas Super Prevenidas: promovem o sexo seguro no carnaval do Brasil", o artigo de Emma Arnold trás uma visão da importância da comédia no teatro para transmitir mensagens sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e do HIV/AIDS, principalmente no período carnavalesco.
"Logo uma multidão de pessoas está a pedir preservativos, tirando fotos, rindo e fazendo perguntas sobre sexo seguro. As Irmãs de DST vai continuar a atingir mais de 5000 pessoas e distribuir 10.000 preservativos e informações sobre saúde sexual durante a semana do Carnaval. Fazer atividades como esta no carnaval é extremamente gratificante - que sempre recebe uma resposta positiva do público." Leia aqui na íntegra o artigo.

Emma é uma das voluntárias internacionais da IS que trabalha com o GTP +.

ABGLT publica Nota de solidariedade e preocupação com pessoas vivendo com HIV/Aids

Diante das informações veiculadas pelo Movimento Aids e pela imprensa sobre a falta do Abacavir, um dos vários medicamentos utilizados no tratamento da Aids, a ABGLT vem a público se solidarizar com aquelas pessoas vivendo com HIV/Aids cujo tratamento eventualmente inclua este medicamento e que não estejam tendo acesso ao mesmo.

A ABGLT recomenda que suas 237 organizações se juntem às manifestações que estão sendo organizadas pelo Movimento Aids referentes à falta do medicamento.

A ABGLT pede às autoridades competentes que – mesmo sabendo da burocracia imposta pela legislação vigente sobre a compra de medicamentos do exterior – procurem solucionar esta falta o mais breve possível.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Durante encontro virtual, Opas divulga estudo sobre a resposta de alguns países da América Latina ao HIV/aids

14/04/2010

A pesquisa apontou também que nesses países falta uma estratégia integral de prevenção que considere fatores sociais, culturais e relacionados à sexualidade.

“Enquanto a prevenção com intervenções efetivas para interromper a circulação do vírus não for prioridade, a solicitação de recursos para tratamento aumentará a níveis impossíveis de ser respondida”, declarou a assessora principal em Economia e Planificação em Saúde da Opas, Matilde Pinto.

A Opas também fez recomendações estratégicas aos países analisados. Para os representantes das nações, algumas sugestões são dar nova prioridade à ações de prevenção, tendo como foco públicos específicos, e revisar a atenção às pessoas com HIV. Já as recomendações para os sócios de cooperação e financiamento incluem a racionalização das demandas dos países e o investimento no fortalecimento dos sistemas de saúde e das capacidades locais de resposta à pandemia.

“Uma melhor coordenação é a chave para fazer render o dinheiro”, aponta ainda o estudo.

Metodologia

A avaliação foi realizada por uma equipe que incluiu profissionais da área da saúde e da economia e buscou analisar os processos de qualidade e rentabilidade social do investimento no combate ao HIV/aids. Ocorreram estudos quantitativos e qualitativos por meio de revisão de documentos, entrevistas e visitas locais.

Os resultados foram publicados com apoio do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV e Aids). Para acessar os documentos na íntegra, em inglês, clique aqui.

Sobre a Opas A Organização Panamericana da Saúde é um organismo internacional de saúde pública que tem o objetivo de melhorar as condições de saúde dos países das Américas. Também atua como Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para as Américas e faz parte dos sistemas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Serviço

A ‘3ª Semana Virtual: HIV e o setor de saúde’ é uma realização da Organização Panamericana de Saúde e segue até esta sexta-feira, 16. Confira a programação:

Dia 15 – O que há de novo na prevenção a HIV/DST para adolescentes e jovens?

Dia 16 - Iniciativa de Eliminação: avanços na América Central e nos países andinos

Saiba como participar (texto em espanhol).


Fábio Serrato

Fonte: Agência de Notícias da Aids.

Movimento social organiza protesto 'Tolerância Zero' sobre falta de antirretrovirais em SP e RS

“Não dá mais para aguentar problemas pontuais envolvendo antirretrovirais.” A fala é do presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro. Devido à falta do abacavir no País e também à escassez de lamivudina em São Paulo, o movimento social fará manifestações no próximo dia 28, na entrada de Secretarias Estaduais de Saúde. Denominado “Tolerância Zero”, o protesto já está confirmado em São Paulo e Rio Grande do Sul.

Desde o fim do ano passado, a distribuição do antirretroviral abacavir foi suspensa por problemas de aquisição. O Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais informou que vai regularizar a situação a partir do próximo dia 20.

Já em São Paulo, houve também problemas de distribuição da lamivudina em alguns municípios do interior do estado.

“Foi a gota d’água a falta do abacavir”, reclamou o presidente do Fórum, Rodrigo Pinheiro.

O protesto foi antecipado e, anteriormente, estava marcado para 21 de maio. O movimento é organizado em conjunto pelo Fórum de SP, RNP+ (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids) e Cidadãs Posithivas. Também recebe apoio da ABGLT (Associação Brasileira de Gays Lésbicas e Transgêneros). Só em São Paulo são esperadas pelos menos 300 pessoas na manifestação.

De acordo com Rodrigo Pinheiro, os estados do Rio de Janeiro, Bahia e Pará estão em mobilização e também devem realizar protestos. A informação deve ser confirmada nos próximos dias.

Serviço

Tolerância Zero – SP
Quando: 28 de abril
Onde: Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 188 – São Paulo
Horário: às 10h

Tolerância Zero – RS
Quando: 28 de abril
Onde: Av. Borges de Medeiros, 1501 – Porto Alegre
Horário: às 14h

Fonte: Agência de Notícias da Aids

quarta-feira, 7 de abril de 2010

DST, HPV e equidade na atenção

7 de abril de 2010, Dia Mundial da Saúde

DST, HPV e equidade na atenção
Artigo de Mauro Romero Leal Passos
Professor associado, chefe do Setor de DST da Universidade Federal Fluminense.
Editor-chefe do Jornal Brasileiro de DST

Algumas pessoas acreditam que está tudo escrito no destino. Outras lutam por um destino.
Hoje, 7 de abril de 2010, Dia Mundial da Saúde, vamos argumentar em defesa de pessoas que sofrem de doenças que, além de causar sérios problemas orgânicos, são milenarmente vinculadas a marcantes preconceitos.
Não há mais dúvidas de que a infecção por HPV é uma doença sexualmente transmissível das mais incidentes e prevalentes, em todo o mundo, acometendo homens e mulheres de todas as classes socioeconômicas.
Não há mais dúvidas de que já passou a hora de se oferecer equidade na atenção às doenças transmissíveis, deixando de se priorizar apenas algumas, para dar cobertura ampla à saúde sexual e reprodutiva.
Não há mais dúvidas de que as vacinas estão entre os maiores benefícios para o bem-estar da espécie humana, como também de vários outros animais que nos cercam como bovinos, caninos, equinos...
Não há mais dúvidas de que vacinas profiláticas contra HPV, causadores de verrugas e de neoplasias anogenitais, são altamente eficazes (acima de 90% para verruga e mais de 70% para as neoplasias) e estão disponíveis em todo o mundo, desde 2006.
Não há mais dúvidas de que, havendo uma vacina profilática contra o HIV, com eficácia de pelo menos 30%, esta será celeremente distribuída gratuitamente pela rede pública, especialmente no Brasil.
Não há mais dúvidas de que, para o HIV, as ações públicas e das ONGs, no Brasil, estão entre as melhores do mundo, havendo, inclusive, reconhecimento da comunidade científica e de políticos mundiais. Todavia, não há mais dúvidas de que estes mesmos setores, nas ações contra as clássicas DSTs, estão mais perto do fracasso do que da eficiência. Não lutam com a mesma disposição e tampouco são ativos como o são com relação à infecção pelo HIV (trabalho de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação; preocupação com direitos humanos e inserção social...). Pregam a luta contra as desigualdades de gênero, contra a homofobia, contra a vulnerabilidade das mulheres à infecção pelo HIV, lutam pela disponibilidade gratuita e universal de meios de diagnóstico e de tratamentos medicamentosos clássicos e em estudos, mas muito pouco fazem diante da sífilis, da clamídia, das vaginites, do HPV...
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, pelo menos 4 mil mulheres morrem a cada ano, no Brasil, por câncer do colo do útero. Entretanto, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde, são mais de 8 mil mortes.
A Sociedade Brasileira de Urologia, no ano passado, esforçou-se na luta contra o câncer de pênis (mais da metade são causados por HPV), divulgando que mais de mil pênis são amputados anualmente, no Brasil (segundo fonte do SUS).
Temos vacina para estes e para outros males que o HPV causa, mas os gestores públicos emitem documentos dizendo que são necessários mais estudos em nosso meio.
O governo da Austrália, por exemplo, já vacinou, desde 2007, gratuitamente, mais de 80% das adolescentes das principais cidades daquele país. Pesquisadores australianos já apontam importantes reduções de doenças (verrugas e neoplasias) em mulheres e em homens com até 28 anos de idade. Será que as dezenas de estudos publicados em diversos periódicos científicos mundiais, incluindo brasileiros, não são válidos para o Brasil?
Muitos gestores só funcionam quando há pressão. A imprensa (escrita, falada, televisada e internetizada), mostrando pessoas em filas de ambulatórios ou agonizando em prontos socorros, mais do que expor o sofrimento do outro, joga luz na ineficiência de muitos administradores.
O exemplo da gripe suína, ou melhor, influenza H1N1, explode na nossa face. No ano passado, diariamente, a mídia nos inundava com matérias sobre o problema. Em menos de um ano, o poder público brasileiro foi capaz de fechar contratos e montar campanhas (inclusive publicitária) para tentar vacinar mais da metade da população brasileira com uma vacina desenvolvida em menos de um ano. Parabéns, mesmo, pela eficiência. Mas que conflitos existem para que não se faça o mesmo pelas doenças causadas pelo HPV? Falta de recursos financeiros ou de vontade política (de saúde pública)?
Morreram, no ano passado, por complicações da gripe, cerca de 3 mil pessoas no Brasil, contando com os bebês das grávidas.
Será que a morte por HPV - câncer de colo uterino, de pênis, de vulva, de vagina, de ânus (o câncer de ânus é mais frequente em homens homossexuais, infectados pelo HIV), de laringe - é menos importante do que a morte por gripe H1N1? Será que existe morte mais importante?
Em 15 de abril último, o ministro da Saúde, o colega José Gomes Temporão, em entrevista a Jô Soares (http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1230079-7822-MINISTRO+JOSE+GOMES+TEMPORAO+FALA+SOBRE+A+SAUDE+NO+BRASIL,00.html), disse que o problema da dengue só será resolvido com uma vacina. Quando Jô perguntou sobre as DSTs, o ministro falou de “blenorragia, sífilis e aids” e nada comentou sobre HPV (a DST viral mais prevalente) ou sobre vacinas profiláticas contra esses vírus.
É tema difícil de abordar: sabendo-se da eficácia e disponibilidade mundial de vacina contra HPV, quem será responsável pelos casos futuros das doenças causadas por esses vírus, quando não se ofertam meios para que sejam evitadas, principalmente para os jovens de populações de baixa renda?
Devido à adesão bem menor do que a esperada (que estudo foi feito para se esperar um número maior?), não será surpresa se milhares de doses da vacina contra influenza H1N1 acabem sendo jogadas fora. Caso realmente haja sobra de vacinas, que os gestores brasileiros as ofereçam, rapidamente, a países vizinhos. Se não forem usadas agora, estas vacinas nada valerão até o final do ano.
Por decisão acertada, de boa prática em política pública de saúde, o SUS ampliou a oferta de vacina contra hepatite B no Brasil, a partir de março deste ano (20/03/10; http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISE77B47C8ITEMID18CAB45D5BC64DDBB9BD426D1FCF7CFEPTBRIE.htm). Todavia, deixaram de incluir as pessoas simplesmente heterossexuais, já que “homens que fazem sexo com homem, lésbicas, bissexuais e transgêneros” estão no rol dos “grupos” beneficiados pela cobertura pública oficial. Homens e mulheres heterossexuais não correm o risco de contrair hepatite B?
Para concluir, alguns dados sobre a transmissibilidade do HPV:
- Probabilidade de transmissão de HPV por ato sexual varia de 5% a 100% com mediana de 40%. (Burchell et al. Modeling the sexual transmissibility of human papillomavirus infection using stochastic computer simulation and empirical data from a cohort study of young women in Montreal, Canada. Am J Epidemiol 2006; 163(6): 534-43);
- Transmissão de HPV de homem para mulher é de 60% para HPV 16. (Barnabas et al. Epidemiology of HPV 16 and cervical cancer in Finland and the potential impact of vaccination: mathematical modeling analyses. PLoS Med 2006; 3(5):e138);
- 70% (35/50) dos parceiros sexuais de mulheres infectadas por HPV foram positivos para HPV (Captura Híbrida II): 32% para “alto risco”; 14% para “baixo risco” e 24% para ambos. (Nicolau SM et al. Urology 2005; 65(2); 251-5);
- Lesões planas do pênis: a infecção “invisível” ligada à transmissão
do papilomavírus humano (Bleeker MC et al. Flat penile lesions: the infectious “invisible” link in the transmission of human papillomavirus. Int J Cancer 2006; 119(11): 2505-12.62).

Conhecendo as altas taxas de transmissibilidade do HPV e as experiências traumáticas (para não dizer hediondas) que inúmeras pessoas (a maioria do sexo feminino) enfrentam, tais como violência sexual e estupro, desejamos registrar, também, a nossa indicação de vacinação contra HPV nesses casos, além da rotina amplamente divulgada.
Para que um problema seja resolvido, não bastam conhecimentos e habilidades. Há de acontecer atitudes: que a população pressione as autoridades competentes (divulgar este texto pode ser uma forma de pressão); que a indústria farmacêutica diminua a voracidade de lucros; que o poder público e os gestores do país cumpram seu papel oferecendo o que há de melhor para a saúde pública e que se esforcem por diminuir a abusiva carga tributária que onera o cidadão.
Assim, para nós, a atenção fica mais próxima de ser equânime.
Algumas pessoas acreditam que o povo brasileiro merece os seus governantes. Outros lutam para conviver com governantes que mereçam o povo brasileiro.
Desde sempre, posiciono-me no segundo grupo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Projeto "Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes" lança blog

Com o objetivo de contribuir para tornar mais conhecidos assuntos sobre sexualidade, HIV/aids e deficiência, o projeto “Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes” lança um blog sobre o tema que abrange pessoas vivendo com HIV/aids e pessoas com deficiência.
A ferramenta de comunicação tem em sua página: artigos, dicas de livros, links para outros espaços e um grupo para conversar e trocar idéias. Também abre espaço para que associações e pessoas que tem trabalhos nesta área, possam enviar textos, link para blogs e sites, e dicas de vídeos.
O projeto acontece presencialmente na cidade de São Paulo, nesta fase, mas há ações mais abrangentes, como o blog, inclusive com alguns cuidados referentes à acessibilidade digital. O projeto “Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes” pretende discutir a interface Deficiência/HIV/aids construindo diálogos e ouvindo os serviços especializados do Estado e do Município de São Paulo: Conselhos de Saúde, de Defesa dos Direitos das PcD, Tutelares, de Defesa das Crianças e Adolescentes, sociedade civil organizada, representantes do Poder Público, Universidades, formadores de opinião e meios de comunicação.
A intenção é dar visibilidade à temática e coletar informações para ações efetivas de prevenção e assistência, através da realização de dois Encontros (dia 14 de abril na Zona Leste da cidade de São Paulo e dia 27 de abril na Zona Sul). Ele tem o apoio do Programa Estadual DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde/SP e sua realização está a cargo do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas (www.amankay.org.br).

Acesse: http://www.aidsedeficiencia2010.blogspot.com,

Fonte: Amankay

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