Terminou, na última sexta-feira (23/7), a XVIII Conferência Internacional de Aids em Viena. O evento, que contou com a participação da pesquisadora do Departamento de Ciências Socias da ENSP, Monica Malta, encerrou-se com a divulgação da Declaração de Viena, que cobra mais recursos dos países para o fundo de tratamento e prevenção da doença.
"O desafio não é encontrar dinheiro, mas mudar as prioridades. Quando há uma emergência no mercado financeiro ou uma crise energética, bilhões e bilhões de dólares são rapidamente mobilizados. A saúde das pessoas também merece um financiamento semelhante e ter prioridade", disse o presidente do encontro, Julio Montaner.
A declaração aponta ainda a necessidade da proteção dos direitos humanos e o acesso universal ao tratamento para as pessoas com o vírus HIV. O documento, assinado por 12.725 participantes, alerta para mudanças no atendimento à saúde nos presídios, onde já foi constatada grande incidência da Aids.
De acordo com a declaração, 30 milhões de pessoas entram e saem de prisões por ano, sendo parte significativa infectada pelo vírus - o que não se resume em um problema apenas dos detentos, mas de saúde pública.
Durante os seis dias, 19.300 pessoas de 193 países estiveram na conferência. O próximo encontro está marcado para julho de 2012, em Washington, nos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira (22) o grupo de Teatro do GTP+ "Turma da Prevenção" realiza mais uma roda de diálogo com estudantes na Região Metropolitana do Recife. A atividade acontece no bairro da Mustardinha, com os alunos da 8ª série da Escola Municipal Professor Antônio Brito Alves.
A atividade do grupo de teatro conta com a apresentação da peça "As Meninas Super Prevenidas contra a Super Sexy", que aborda sobre a realidade dos jovens e suas dúvidas em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, HIV e Aids. Essa é a segunda de um ciclo de rodas de conversas que serão realizadas ainda este ano.
Primeira vez que os resultados de um estudo mostram Sul Africano que um gel contendo uma droga anti-retroviral, quando usado como um microbicida vaginal, foi encontrado para ser 39% eficaz em reduzir o risco de uma mulher de se infectar com o HIV durante o sexo.
VIENA, 19 julho de 2010-Os resultados anunciados na conferência XVIII Internacional de Aids, em Viena mostrou uma redução significativa no risco de infecção por HIV em mulheres utilizado uma nova geração de gel microbicida, que contém o medicamento anti-retroviral tenofovir. Ele também mostrou uma redução significativa no herpes genital, uma infecção viral comum transmitida sexualmente, que por sua vez aumenta o risco de adquirir a infecção por HIV. Esta prova histórica do estudo do conceito foi completado pelo Centro para o Programa de Pesquisa em Aids da África do Sul (CAPRISA). O gel foi encontrado para ser seguro e aceitável, quando utilizado uma vez nas 12 horas antes da relação sexual e uma vez nas 12 horas após a relação sexual por mulheres com idade entre 18-40 anos. O uso do gel reduziu infecção de HIV em 39% e herpes simplex virus-2 infecção em 51%. "Estamos dando esperança para as mulheres.
Pela primeira vez vimos os resultados de uma mulher iniciada e controlada HIV opção de prevenção ", disse Michel Sidibé, diretor executivo da UNAIDS. "Se confirmado, um microbicida será uma opção poderosa para a revolução de prevenção e nos ajudam a quebrar a trajetória da epidemia de Aids." Quase 20 anos de pesquisa foram em microbicidas que pode ser controlado por uma mulher, independente de seu parceiro. Este estudo microbicida poderia abrir novas possibilidades para a prevenção do HIV.
"Congratulamo-nos com as conclusões do estudo CAPRISA. Todos os novos avanços na prevenção do HIV, particularmente para as mulheres são emocionantes. Estamos ansiosos em ver esses resultados confirmados. Depois de terem se mostrado segura e eficaz, que irão trabalhar com os países e parceiros para acelerar o acesso a esses produtos ", disse o Dr. Margaret Chan, Director-Geral da OMS. A OMS ea ONUSIDA felicitar CAPRISA, a UNAIDS designado Centro Colaborador para Prevenção do HIV Research, sobre a conclusão do estudo. Cerca de metade das pessoas que vivem com HIV no mundo são mulheres.
Na África sub-Sahariana África, as mulheres são mais infectadas do que homens. HIV é uma das principais causas de mortalidade materna. Face dos elevados níveis de transmissão do HIV em curso para mulheres jovens em elevada prevalência, é urgente agora, para confirmar esses resultados, de forma que um gel tenofovir segura e eficaz pode ser rapidamente disponibilizados para as mulheres que querem.
Levantamento feito com as sociedades médicas brasileiras, antropólogos, psicólogos, membros do Conass e do Conasems, quando foram ouvidos cerca de 250 especialistas, mostrou que os homens não costumam frequentar os consultórios por conta de três barreiras principais: cultural, institucionais e médicas. A pesquisa serviu como subsídio para a política nacional de atenção à saúde do homem, implementada no Sistema Único de Saúde, e vai ao encontro aos objetivos principais do Dia Internacional do Homem, que visa melhorar a saúde dessa população. "Não adianta criarmos a política se o homem não for às unidades de saúde, isso acarretará em mais custos para o SUS. Hoje, do jeito que funciona, os homens buscam os serviços quando já têm de se internar; isso gera custos para o sistema, custos psicológicos para o homem e para a família, além da dor e sofrimento", alerta o coordenador da área técnica de saúde do homem do Ministério da Saúde, Baldur Schubert.
Dentre as barreiras culturais, Schubert cita o conceito de masculinidade vigente na sociedade, no qual o homem se julga imune às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade. O homem como provedor não pode deixar de trabalhar para ir a uma consulta. "Eles não reconhecem a doença como algo inerente à condição do homem, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos", explica o médico. Além disso, outra dificuldade é que eles não acreditam em profilaxia, o que prejudica o trabalho em prevenção.
Em relação às barreiras institucionais, o levantamento mostrou que os homens não são ouvidos nas unidades adequadamente, por isso frequentam pouco esses locais. O fato de grande parte dos serviços serem formados por profissionais mulheres também impede que eles encontrem espaço adequado para falar sobre a vida sexual, como, por exemplo, relatar uma impotência. De maneira geral, faltam estratégias para sensibilizar e atrair os homens aos ambulatórios Sobre as barreiras médicas, o especialista enumera a falta de postura adequada dos profissionais de saúde e as consultas com duração muito curta. "Os médicos precisam dar mais atenção nas consultas para estabelecer uma relação médico-paciente ótima", alerta. Como enfrentar esses aspectos para provocar a mudança de comportamento é o grande desafio da política de saúde do homem. "Será preciso desaprender e reaprender o aspecto cultural. O homem deixou de ser o machão do passado, e a sociedade está reformulando o conceito de masculinidade, e para isso precisaremos da ajuda da mídia", afirma o coordenador.
Será preciso também contar com a ajuda das empresas para que elas criem programas que estimulem seus funcionários a visitarem profissionais de saúde. Em geral, eles não querem deixar o horário de expediente para ir ao consultório, pois acham perda de tempo. Uma saída seria a criação de espaços de atendimento em saúde na própria empresa. Outra solução seria a inserção do cuidado com o homem nas equipes de Saúde da Família, que já foi implementado. Dentre as situações que mais matam o homem, até os 40 anos, estão as causas externas (violência, agressões e acidentes de trânsito/trabalho). Depois dos 40 anos, em primeiro lugar estão as doenças do coração, e em segundo os cânceres, principalmente do aparelho respiratório e da próstata.
A cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são homens. A cada cinco pessoas que morrem, de 20 a 30 anos, quatro são homens. De acordo com a publicação Saúde Brasil 2007, os homens representam quase 60% das mortes no país. Das 1.003.350 mortes ocorridas em 2005, 582.311 foram de pessoas do sexo masculino - 57,8% do total. Assim, a cada três pessoas que morrem, duas são homens, aproximadamente.
Ao mesmo tempo que especialistas internacionais condenam a prática, a criminalização da transmissão de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) apossou-se do México. “Trata-se de uma questão que simplesmente não tem sido levantada com força suficiente, e por isso o estado ainda não reagiu”, disse Maria Juárez, do Conselho Nacional para a Prevenção da Discriminação, departamento responsável pelas análises e propostas do estado. “As organizações da sociedade civil deviam abordar a questão e chamar a atenção do público para a mesma”, declarou Juárez.
De acordo com a lei federal do México, que constitui um modelo para a legislação estatal, transmitir a alguém uma DST ou outra doença incurável é um crime punível com até cinco anos de prisão. Dos 32 estados Mexicanos, 30 têm leis que criminalizam a transmissão do HIV. “Isto é uma situação alarmante. A transmissão do HIV não devia ser criminalizada”, disse José Aguilar, coordenador nacional da Red Democracia y Sexualidad. “Trata-se de uma prática discriminatória que conduz à contínua justificação de atitudes como a homofobia”, disse Aguilar, cuja organização se foca em educação sexual e advocacia dos direitos sexuais.
Não tem havido qualquer iniciativa no sentido de cumprir essas leis, facto que se acredita ser o motivo pelo qual não existe qualquer ímpeto para as remover.
Há muito que a comunidade internacional se manifesta contra a criminalização da transmissão do HIV. Em 2007, um documento intitulado “Dez Razões para Contestar a Criminalização da Exposição ou Transmissão do HIV” recebeu a aprovação oficial da UNAIDS e do Programa de Desenvolvimento da Nações Unidas. O documento reflectiu a posição de uma coligação de defensores de questões relacionadas com o HIV/SIDA, direitos humanos e género. “O empurrão para aplicar a lei criminal à exposição e transmissão do HIV é frequentemente dado pelo desejo de responder a preocupações sérias acerca da disseminação rápida e crescente do HIV em muitos países, aliado ao que se entende ser uma falha dos actuais esforços de prevenção do HIV”, diz o documento.
Espera-se que os líderes de saúde mundial revejam o assunto quando se encontrarem em Viena entre 18-23 de Julho para a 18ª Conferência Internacional Sobre SIDA.
VIH. La falta de recursos internacionales para combatir la enfermedad ponen en vilo a millones de enfermos que requieren retrovirales. En Bolivia, sólo se dispone de $us 26 millones para combatir el mal
EFE. Viea
Más de nueve millones de enfermos con el VIH/Sida que requieren tratamiento de forma urgente, dos tercios de ellos en el África subsahariana, ven peligrar sus vidas debido al repliegue de la financiación internacional destinada a la lucha contra esta enfermedad.
Así lo denuncia Médicos Sin Fronteras (MSF) en un informe presentado ayer en la Conferencia Internacional del Sida, que se celebrará en Viena del 18 al 23 de julio.
El estudio confirma que la reducción de la financiación ya está frenando la incorporación de nuevos pacientes a los programas de tratamiento y supondrá una condena a muerte para millones de enfermos.
Ana Zarategui, coordinadora de MSF, puso de relieve que dos tercios de todas las personas seropositivas del planeta viven en el África subsahariana y un 75 por ciento depende de la financiación exterior.
A finales de 2008, 4,5 millones de enfermos recibían tratamiento con antirretrovirales y, de ellos, la mitad eran pacientes que lo necesitaban de forma urgente.
La tasa de prevalencia del VIH ha superado el 20 por ciento en algunos países africanos y en 2008 prácticamente tres de cada cuatro muertes por sida en el mundo se produjeron en el sur de África.
La presidenta de MSF España señaló que la incertidumbre y la inestabilidad de la financiación de los donantes han frenado la incorporación de nuevos pacientes a los programas de tratamiento y amenazan a medio y largo plazo el suministro de medicamentos.
En América Latina, donde se mantiene el drama de los afectados con cifras no exactas por la cantidad de personas desconocedoras de su condición de portadoras del virus causante de la enfermedad, la prevención es una urgencia.
En la antesala de la Conferencia Mundial del Sida que se celebrará en Viena, los datos latinoamericanos demuestran que la epidemia, presente desde hace tres décadas, subsiste a pesar de los esfuerzos públicos y privados.
El último informe de 2008 del Programa Conjunto de las Naciones Unidas contra el Sida (Onusida) destaca a países como Brasil y México por su liderazgo en el campo de la prevención, pero urge a "fortalecer los sistemas de vigilancia en Latinoamérica" y a tener "evidencias más sólidas para la planificación nacional en la prevención del VIH".
El director de Onusida, Michel Sidibé, habló de la urgencia general de "una revolución en la prevención", especialmente en segmentos demográficos vulnerables.
Las medidas preventivas, opinó, deben dirigirse a las mujeres en los países de rentas medias y bajas, entre las que se dan una buena parte de las nuevas infecciones y los fallecimientos, pese a que los índices de tratamiento se han multiplicado por 10 en los últimos cinco años.
El informe de Onusida, cuyas cifras difieren de las presentadas por los Gobiernos de Latinoamérica y el Caribe, destaca a esta región como hogar de la epidemia de "bajo nivel" y "concentrada".
En la región hay unos dos millones de personas que viven con el virus, de los que cerca de 170.000 son nuevos infectados, y hasta 2008 se han contabilizado 77.000 muertes por la enfermedad del sida.
“Los recursos en Bolivia son insuficientes”
El responsable del Programa Departamental de Lucha contra el sida, Gonzalo Borda, alertó que los recursos que recibe Bolivia para la lucha contra el VIH “son insuficientes”, debido a que la enfermedad está mostrando un crecimiento exponencial, con dos y tres casos por día, con alto riesgo para la salud de la población.
Gracias a la negociación con la cooperación internacional, el país recibió, en 2009, $us 26 millones para combatir el mal en el periodo 2010-2015.
Actualmente, Bolivia registra más de 5.000 casos de seropositivos registrados por las autoridades sanitarias.
El departamento más afectado es Santa Cruz con 3.102 casos contabilizados hasta la primera semana de julio, es decir, que el 56 por ciento de los casos del país están en la región.
“Somos el principal foco de infección del sida y hace falta más recursos para capacitación en todos los niveles”, destacó Borda en diálogo con el diario EL DEBER.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que qualquer novo caso de Aids é "demasiado", ao apresentar sua nova estratégia nacional contra a doença, destinada a prevenir novas infecções e a melhorar o atendimento de pessoas atingidas pelo vírus HIV.
"Estamos aqui porque acreditamos que apesar de o ritmo de transmissão do HIV não ser mais tão elevado neste país como já foi certa vez, cada novo caso é demasiado", afirmou Obama ao receber ativistas antiaids na Casa Branca.
"Estamos aqui porque acreditamos em um Estados Unidos onde os que vivem com o HIV não sejam vistos com desconfiança, mas sim com respeito, e que tenham acesso aos cuidados médicos de que necessitam".
O objetivo é principalmente diminuir, em cinco anos, em 25% o número anual de novas infecções. Trata-se também de fazer com que 90% das pessoas infectadas pelo vírus conheçam melhor sua doença.
A pessoa atingida pelo vírus, seja qual for a sua idade, seu sexo, sua raça, sua orientação sexual ou seu nível social, terá "um acesso completamente livre ao tratamento de grande qualidade, permitindo uma expectativa de vida maior, livre de qualquer estigma ou discriminação"
, ressalta o plano.
A estratégia não prevê um aumento dos recursos destinados à luta contra a doença nos Estados Unidos -- 19 bilhões de dólares por ano -- mas sim uma utilização melhor.
Desde seu surgimento, há trinta anos, a epidemia de Aids causou a morte de cerca de 600.000 pessoas nos Estados Unidos, mas a chegada de novos tratamentos permitiu estender a expectativa de vida das pessoas infectadas.
No entanto, cerca de 56.000 americanos ainda são infectados a cada ano e cerca de 1,1 milhão vivem com o vírus da Aids, segundo dados do governo.
"Nosso país está em uma encruzilhada. Enfrentamos atualmente uma epidemia doméstica que exige um engajamento constante, uma atenção crescente por parte do público e da liderança", destacou Obama no preâmbulo do documento descrevendo o novo plano.
A partir das 10h, acontece na sede do Sindicato dos Comerciários de São Paulo a campanha de “Teste Rápido para Diagnóstico do HIV”, promovida pelo PM. Além de saber da sua condição sorológica, as pessoas que passarem por lá também receberão orientações sobre HIV/aids e outras DSTs, camisinhas e material educativo. O objetivo desta campanha é chamar atenção para a importância da detecção do vírus. O diagnóstico precoce é importante para a realização de um tratamento que garanta a qualidade de vida da pessoa infectada. A mesma campanha vai ocorrer a partir das 13h na Subsede Tatuapé.
Enquanto isso, a partir das 11h30, a região central de São Paulo, Pça.Dom José Gaspar, vai sediar uma ação de prevenção do Barong. A ONG vai distribuir preservativos. Os homens que passarem por lá e participarem de uma oficina de uso correto da camisinha vão ganhar brindes para comemorarem a data.
No dia 16, o PM vai realizar a mesma campanha de testes rápido do HIV na Vila Mariana a partir das 9h, na Rua Dr. Diogo de Faria, 967.
Serviço
Teste rápido do HIV
15/7/2010 10h às 17h Sede Central do Sindicato dos Comerciários Rua Formosa, 409
13h às 17h Subsede Tatuapé Rua Dr. Raul da Rocha Medeiros, 72
16/7/2010 9h às 13h Ambulatório Rua Dr. Diogo de Faria, 967
Barong
15/7/2010 A partir das 11h30 Pça.Dom José Gaspar
O Projeto Homens do Programa Municipal de DST/Aids
O PM instituiu no biênio de 2008/2009 estratégias voltadas à população masculina com o objetivo de ampliar e fortalecer a importância da prevenção às DST/HIV/Aids – uso do preservativo - e ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. “É importante que estas ações comportem também estratégias que incentivem o homem não apenas a fazer uso do preservativo, mas, principalmente, que ele adquira o hábito de cuidar preventivamente de sua saúde”, afirma o presidente do Sindicato, Ricardo Patah .
Nos anos 80, os homens heterossexuais representavam apenas 9% do total de casos de Aids notificados em pessoas do sexo masculino. Entre 1990 e 1999, eles passaram a representar 24% e, em 2007, 43% do total dos casos de aids em homens.
Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids, os jovens lideram a revolução em matéria de prevenção. Em 15 dos países mais afetados pela aids, a prevalência de HIV diminuiu cerca de 25% neste grupo da população
O novo relatório Perspectivas do Unaids lançado hoje mostra um projeto contra a aids, apelidado de “Tratamento 2.0”. Segundo o Unaids, as ideias poderiam reduzir drasticamente o número de mortes relacionadas à doença, assim como novas infecções pelo vírus.
Através de uma combinação de esforços, seria possível reduzir os custos do tratamento da doença, fazer com que eles sejam mais simples e inteligentes, diminuir a sobrecarga nos sistemas de saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e as famílias desses cidadãos. Os estudos sugerem que, em comparação com abordagens atuais, o tratamento 2.0 poderia evitar 10 milhões de mortes até 2025.
Além disso, esta nova abordagem poderia reduzir o número de novas infecções por HIV em mais de um milhão a cada ano se os países fornecerem terapia antirretroviral a todos aqueles que necessitam, em consonância com as diretrizes de tratamento da Organização Mundial da Saúde. Atualmente, 15 milhões de pessoas precisam de tratamento, mas apenas cinco têm acesso a medicamentos que salvam vidas.
Para que os objetivos sejam atingidos no projeto Tratamento 2.0, o Unaids cita que alguns progressos são necessários no mundo:
- Criar melhores remédios, com menos toxidade e mais fáceis de serem utilizados. Também utilizar formas mais rápidas de conseguir detectar e diagnosticar novas infecções do HIV;
- Aumentar o acesso de antirretrovirais a todos que necessitam de tratamentos com remédios. Pessoas que utilizam os fármacos têm menos chances de transmitir o vírus, ou seja, quanto mais pessoas tratadas, menor o risco de infecção;
- Reduzir os custos financeiros de assistência e de remédios aos pacientes soropositivos;
- Incentivar mais a população a realizar testes de detecção do HIV;
- Envolver mais as comunidades em questões relacionadas à epidemia de aids.
Os jovens lideram a revolução da prevenção
Um novo estudo do Unaids mostra também que os jovens estão liderando a revolução da prevenção do HIV. A prevalência de HIV nesta população diminuiu em mais de 25% em 15 dos 25 países mais afetados pela aids.
Em oito países - Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Malauí, Namíbia, República Unida da Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue - quedas significativas de prevalência de HIV têm sido acompanhadas por mudanças positivas no comportamento sexual entre os jovens.
Por exemplo, no Quênia, houve um declínio de 60% na prevalência de HIV entre 2000 e 2005. Da mesma forma, na Etiópia houve uma redução de 47% entre gestantes jovens nas áreas urbanas e uma mudança de 29% nas zonas rurais.
Os jovens em 13 países, incluindo os Camarões, Etiópia e Malauí, estão esperando mais tempo para se tornarem sexualmente ativos. E o uso de preservativos durante o ato sexual aumentou entre eles, de acordo com o Unaids.
Há cinco milhões de jovens vivendo com HIV em todo o mundo, perfazendo cerca de 40% das novas infecções.
Aids é um tema importante, destaca Unaids
O relatório Perspectivas do Unaids também inclui uma nova pesquisa global da opinião pública realizado pela Zogby International e Unaids, indicando que quase 30 anos após o início da epidemia da aids, regiões e países seguem considerando a doença um dos problemas mais importantes a serem enfrentados no mundo.
Além disso, uma análise econômica no mesmo documento argumenta que a saúde deve ser uma necessidade, não um luxo. O Unaids destaca que os países doadores devam continuar investindo contra a aids e faz um chamado para que as nações em desenvolvimento mais ricas invistam mais em HIV e saúde.
O relatório foi apresentado em Genebra, Suíça, às vésperas da XVIII Conferência Internacional de Aids, em Viena. O diretor executivo da Unaids, Michel Sidibé, salientou que a inovação na resposta à aids pode salvar mais vidas. "Para os países atingirem seus objetivos e compromissos de acesso universal, é preciso reformular a resposta à aids. Através da inovação, podemos reduzir os custos, assim os investimentos poderão chegar a mais pessoas".
De acordo com estimativas da Unaids, no final de 2008, 33,4 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo. Nesse mesmo ano, havia cerca de 2,7 milhões de novas infecções e dois milhões de mortes por causas relacionadas à aids.
A XVIII Conferência Internacional sobre SIDA (AIDS 2010) abrirá no dia 18 de Julho, em Viena, na Áustria com a participação de 20 000 delegados. A conferência prevê reunir diversas e interessantes apresentações e sessões, abrangendo um vasto leque de assuntos relacionados com o VIH, incluindo novos tratamentos, prevenção e investigação clínica.
O tema da conferência este ano é “Os Direitos Aqui e Agora”, e será dado grande enfoque à área dos direitos humanos e à necessidade de políticas baseadas em evidência científica sobre o consumo de drogas e prevenção do VIH que respeitem os direitos humanos.
Viena liga a Europa Ocidental à Europa de Leste e à Ásia Central, e a conferência, sem sombra de dúvida, chamará a atenção para esta região, onde a epidemia pelo VIH tem o seu foco nos utilizadores de drogas por via injectada. Uma declaração oficial (The Vienna Declaration / Declaração de Viena) da conferência foi já divulgada, chamando a atenção para a integração de evidência científica nas políticas sobre drogas.
A conferência divulgará também os tão esperados resultados do maior estudo de eficácia de um microbicida que utiliza um medicamento anti-retroviral para prevenir a infecção pelo VIH em mulheres.
Após dois anos de existência, a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids finalmente foi formalizada. A Carta de Princípios foi elaborada na semana passada por jovens reunidos em São Paulo (SP). Entre as questões presentes no documento, estão os princípios e a missão da Rede, os quais reafirmam a importância de jovens e adolescentes de serem protagonistas no combate a HIV/aids.
De acordo com Micaela Cyrino, representante da Rede, a ideia foi elaborar um documento que servisse de base para a organização, com objetivos, missão, princípios, e explicasse "para quê que a Rede veio". Além disso, também foi decidido durante o encontro que a Rede será uma organização sem vínculo político-partidário nem religioso.
Apesar de existir há dois anos, Micaela comenta que só agora surgiu a oportunidade dos jovens se reunirem para elaborar a Carta. "Nos encontros nacionais, nunca tínhamos tempo", explica. O documento, que ainda servirá de guia para ações posteriores da Rede, foi elaborado por 20 jovens que, segundo a representante da organização, "foram selecionados por inscrição". A intenção, de acordo com ela, é que em breve a Carta seja divulgada para "todos os contatos da Rede".
Aids entre meninas
A aids já está presente entre os jovens e a preocupação maior, agora, é com as meninas. De acordo com informações do Ministério da Saúde, nos últimos anos, a aids tem comportado-se de forma diferente. Entre adolescentes de 13 a 19 anos, por exemplo, o número de casos é maior entre as garotas. Entre os jovens de 20 a 24 anos, a razão entre os dois gêneros é parecida.
Dados do Ministério revelam que, entre 2000 e junho de 2009, dos 6.161 casos de aids entre adolescentes de 13 a 19 anos, 3.713 foram registrados em meninas e 2.448 em meninos. Entre os jovens de 20 a 24 anos, os números entre mulheres e homens foram parecidos: 13.083 casos entre elas e 13.252 entre os garotos.
Com informações de Agência de Notícias da Aids e Ministério da Saúde
Organizações realizam reunião em Joaquim Nabuco(PE) para discutir ações que contribuam para diminuir sofrimento das populações atingidas pelas cheias
Um grupo de entidades filiadas a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) e uma articulação de mulheres que atuam na Zona da Mata estiveram reunidas na quarta-feira, 07, em Joaquim Nabuco (PE) para discutir ações que contribuam para atenuar a situação dos/as atingidos/as pelas enchentes na região. A ideia é ir além da solidariedade da arrecadação de donativos, pensando estratégias de organização local e regional para que as famílias do campo e da cidade possam ter seus direitos assegurados no processo de reconstrução dos municípios e nas políticas públicas planejadas para a Zona da Mata pernambucana.
Participaram da atividade cerca de 30 pessoas. Entre elas, representantes de organizações e agricultores/as vítimas das enchentes. Durante a reunião, foram feitos diversos relatos sobre a situação em que se encontram os municípios atingidos, por pessoas que estão vivenciando o drama que se instalou na região. Em cada palavra muitas lágrimas, muita tristeza e emoção, além da perplexidade diante de algumas atitudes nada solidárias e humanitárias, como é o caso do uso de favoritismo na hora da distribuição dos donativos.
O quadro apresentado é preocupante. Os municípios estão com dificuldades na organização dos cadastros das pessoas atingidas pelas enchentes, tanto as que tiveram suas casas destruídas como as que ainda têm as casas, mas perderam todos os seus pertences. As informações não circulam e muitas das secretarias municipais de assistência social não estão desempenhando devidamente o seu papel no acompanhamento das famílias.Isso tem dificultado a entrega dos donativos nas áreas urbana e rural.
Já as famílias que se encontram nos abrigos conseguem receber alimentos e roupas, entretanto ainda faltam colchões, toalhas e lençóis. As pessoas que estão alojadas em casas de amigos e familiares estão recebendo pouca ou nenhuma assistência. O problema da saúde é preocupante. Em Água Preta já aconteceram três casos de morte por leptospirose, sendo um deles o de um agente de saúde. As pessoas estão preocupadas porque alguns municípios não estão fazendo vacinação e distribuindo os materiais necessários para proteção. O risco de epidemias é grande.
Na área rural, o drama ainda é maior, porque os gestores públicos ainda não fizeram um levantamento dos atingidos. Há falta de comunicação entre o campo e a cidade. Os acessos estão prejudicados e muitas famílias estão praticamente isoladas. No Engenho São João da Prata, em Palmares, há 120 famílias i soladas, porquea ponte caiu e a única forma de acesso é via jangada ou pequeno barco. Esta dificuldade afeta a entrega de alimentos e outros materiais necessários para as famílias, pois as cestas básicas que são levadas para lá nunca é na quantidade do número de famílias existentes no engenho.
Encaminhamentos: o Articulação de organizações discutiu com os/as presentes as ações de urgências paraminorar a situação das famílias neste momento. Alguns projetos estão sendo encaminhados para arrecadar fundos para a compra de equipamentos de segurança, limpeza e de higiene, colchões, lençóis e toalhas, que são os itens de maior necessidade. Também foram formados grupos de trabalho para levantar asdiferentes denúncias apresentadas, além debuscar o diálogo com os gestores públicos para discutir os diversos problemas que vem atingido as populações vítimas das enchentes. A preocupação é de acompanhar todos os processos dereorganização dos municípios a curto, médio e longos prazos, objetivando interagir na busca de soluções para o caos que se formou na região da Mata Sul Pernambucana.
Na ocasião, integrantes da Rede em Defesa dos Direitos Humanos das Mulheres da Mata Norte e Centro eda Articulação de Mulheres da Mata Sul divulgaram uma Nota Pública intitulada “Realidades e Contextos SEMPRE Desiguais e Desafiadores – na qual questionam os governos sobre as etapas do processo de “reconstrução”. Sobre como a sociedade civil será escutada.
Alguns depoimentos:
“A cidade está de uma forma que parece que jogaram uma bomba. Muitas pessoas ainda estão dormindo no chão. Existem famílias com até dez pessoas que só receberam um colchão. O desespero leva as pessoas a fazer confusão na hora que chegam os donativos. Estamos vivendo com medo de pegar doenças, sem vacinas. Quem perdeu suas casas, que eram alugadas, agora, não terá condições de alugar outra porque os preços estão muito altos. Também não existem casas suficientes no município” - Edvânia Maria Lima, de Água Preta.
“É urgente que engenheiros e arquitetos avaliem a situação de algumas casas na cidade. Elas estão ameaçadas de cair e as pessoas estão dentro delas. Outro grande problema é que na entrega dos donativos há muito apadrinhamento. Não há medicamentos. E para completar, pessoas que querem roubar o que restou dentro das casas espalham pela cidade alarmes falsos de que a barragem estourou, causando desespero. Existem homens e mulheres com problemas de coração que já morreram por causa disso” –Diana Eugênia, Palmares.
“Lá, caíram 30 casas. Por sorte, ninguém morreu. A gente (ela, marido e filho) tá dormindo no lugar que a gente criava as galinhas. Sei que as galinhas também queriam proteger os pintinhos delas, como eu queria proteger o meu filho, mas não teve jeito de deixar elas ficarem lá. Perdi toda a minha horta. Eu fazia farinha, mas hoje não tenho como fazer nem como vender. Não sei o que vai ser da gente. Esses dias dei uma bolsa de leite que ganhei para uma mulher que tinha um filho pequeno. O meu filho já é um pouco grande e ela precisava mais do que eu. Eu não sei como recomeçar. O pouco que tenho é do Bolsa Familia e de um pouco de goma que consegui vender. Lá, a gente não tem nem hospital, nem vacina. As cestas que chegam não dão para a quantidade de famílias que existe no assentamento” - Rosemira de Lima – Assentamento São João da Prata.
“É difícil você vê tudo o que foi construído, durante toda a sua vida, acabar em um dia. Porém, acredito que vou sair desse ‘fenômeno natural’, ou melhor, nada normal, cheia de força. Acredito, sim, que sairei dessa situação para criar meus filhos, ajudar minha mãe, a minha família e contribuir com a transformação da sociedade” – Cristiane Maria Maciel Gomes – Água Preta.
Comissão do PNUD e do UNAIDS avaliará casos de vários países para verificar como legislação pode ajudar ou dificultar controle da doença
UNAIDS/G. Pirozzi
O PNUD e o UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre Aids) formaram uma comissão que vai estudar a relação entre legislação e combate ao vírus HIV. O objetivo da Comissão Global sobre HIV e Lei é aprofundar a compreensão sobre como a legislação pode ajudar ou mesmo dificultar o controle da enfermidade, que ainda é a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo, de acordo com o Relatório 2010 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Para tanto, o grupo terá a participação de especialistas em políticas públicas, direitos humanos e legislação de várias partes do mundo. Eles vão dar suas opiniões a respeito do assunto e também ouvir as comunidades de imunodeficientes de vários países para saber como a legislação pode oferecer melhores condições de prevenção e tratamento. “Há muito foi reconhecido que as leis são uma parte crítica de qualquer tipo de resposta ao HIV, seja no aspecto formal, na aplicação da lei ou no acesso à Justiça”, afirma uma nota do PNUD sobre o assunto. “Tudo isso pode ajudar a determinar se as pessoas que vivem com o HIV ou são afetadas por ele podem ter acesso aos serviços, protegeram a si mesmo, e viverem vidas completas com dignidade”.
Cerca de 30 anos após o início da epidemia, cerca de 4 milhões de pessoas estão recebendo tratamento. Uma redução de 17% no número de novas infecções entre 2001 e 2008 sugere que a epidemia já tenha ultrapassado seu ponto mais alto. No entanto, o PNUD estima que 106 países ainda tenham em sua legislação algum tipo de obstáculo para a prevenção e o tratamento da doença. Há casos em que a lei criminaliza os soropositivos, desencorajando as pessoas a fazerem o exame, o que pode elevar o número de infectados. A criminalização de homossexuais, usuários de droga e da prostituição desprotege a proteção de grupos com alto risco de contração da doença. Em alguns países, leis que falham em proteger mulheres do estupro dentro e fora do casamento aumentam a vulnerabilidade delas ao HIV.
Por outro lado, há inúmeros exemplos de como a lei pode contribuir positivamente para a vida dessas pessoas, como direito universal ao tratamento, a proibição da discriminação aos soropositivos no trabalho, na escola e no serviço militar.
Os trabalhos da comissão durarão 18 meses. As recomendações do grupo serão anunciadas em dezembro de 2011.
Nos dias 7 e 8 de julho, o cartunista indiano Sharad Sharma promove pela primeira vez o curso de quadrinhos Word Comics no GTP+, em Recife (PE). Cerca de 20 participantes de projetos do GTP+, e ativistas de movimentos sociais, irão aprender a utilizar histórias em quadrinhos como forma de mobilização social e política. As inscrições podem ser realizadas na Instituição.
Nascido em Rajasthan, na Índia, Sharad é empreendedor social da Ashoka e viaja por alguns países ensinando o método Comics Power (Poder dos Quadrinhos), criado com a intenção de informar pessoas com pouca instrução de ensino.
Conheça mais sobre o trabalho de Sharad Sharma visitando o site oficial (em inglês):www.worldcomicsindia.com
Serviço:
Oficina: Sua Luta em Quadrinhos
Dias: 07 e 08 de Julho
Hora: 9h – 16h
Valor da Inscrição: R$ 15,00 + 2 Kg de alimentos não-perecível, com direito a almoço e lanche nos dois dias.
Pode ser feita pelo telefone: 81. 3231.0905 ou pelo e-mail: emanuela@gtp.org.br
Produzida por organizações da sociedade civil pertencentes à ABONG, Articulação AIDS Pernambuco, Articulação de Entidade da Zona da Mata , Fórum de Mulheres de Pernambuco e Fórum Estadual da Reforma Urbana sobre as enchentes ocorridas no estado. Essas organizações estão trabalhando conjuntamente tanto nas questões emergenciais relativas ao atendimento às vítimas, com doações de materiais de segurança, roupas, alimentos etc; como pretendem abrir um diálogo político sobre as causas e conseqüências desta tragédia.
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Dez anos atrás, as populações da Zona da Mata de Pernambuco sofreram com enchentes que destruíram casas, comércio, plantações, prédios públicos, ruas, caminhos. Ações emergenciais e de reconstrução foram feitas. Assim, tudo voltou ao seu lugar.
Dez anos depois, as chuvas do inverno nordestino provocaram enchentes em proporções infinitamente mais devastadoras do que em 2000. Uma tragédia da natureza? Não. Uma catástrofe social, política, econômica e ambiental. Uma catástrofe nem um pouco natural.
Os números, ainda imprecisos e incompletos, nos dão a dimensão do que deixou de ser feito, do que continua a se perpetuar por muito tempo. A cidade de Barreiros, na Zona da Mata de Pernambuco tem 68, 3% de sua população desabrigada. Água Preta, na mesma área, tem 41,4% de população desabrigada. Em Murici, no estado de Alagoas, o percentual é de 55,7%.
Olhar esses números nos provoca estarrecimento. Ser parte desses números significa um sofrimento intenso, sofrimento que atravessa todas as dimensões do tempo: passado, presente e futuro. E, para nós, é na perspectiva dessas milhares e milhares de pessoas que devemos analisar, entender e construir estratégias políticas de atuação emergencial e de incidência política para que nada volte ao lugar de sempre, marcado por precariedade, exclusão e ausência de direitos.
Sabemos que o que causou uma tragédia de tão grande proporção foi a ausência de políticas estruturadoras como, por exemplo, planos de habitação e regularização fundiária para áreas urbanas e rurais; políticas de saneamento ambiental , onde estejam incluídas as dimensões de esgotamento sanitário, drenagem, coleta regular e efetiva do lixo; políticas econômicas e de trabalho que eliminem a precariedade das/ os trabalhadoras/es vinculadas/ os à indústria da cana de açúcar; reforma agrária em seu sentido pleno.
É a ausência dessas políticas que tem afetado, inclusive, as ações emergenciais realizadas tanto pelo estado, quanto pela sociedade civil em que pesem os esforços que estão sendo realizados. As precárias condições das estradas e, em especial, o acesso as áreas rurais fazem com que não se tenha nem informações precisas do que se passa com essas populações e impeçam a chegada das doações. Muitas localidades ainda não têm a energia elétrica restabelecida. A limpeza das vias públicas se dá de modo muito lento, dada a insuficiência de equipamentos e pessoal. Os abrigos públicos, geralmente em locais inadequados, não podem receber mais ninguém, o que faz com que muitas pessoas estejam abrigadas em casas de parentes e amigos/as. Dessa forma, há o risco de uma responsabilidade pública se transformar em uma questão privada.
A situação de saúde dessas populações se encontra vulnerabilizada, não só em função das enfermidades e epidemias típicas de momentos como este, mas também dos riscos de agravamento de doenças crônicas, dado que, em muitas situações, é impossível ter acesso aos medicamentos necessários via rede pública de saúde porque essas estão com suas estruturas destruídas ou comprometidas.
As escolas que não foram destruídas servem de abrigo, o que significa a impossibilidade de retorno das /dos estudantes às escolas, o que afeta não apenas seus aprendizados, mas também significa vulnerabilidade nutricional, já que, para muitas famílias, a alimentação fornecida pela escola é a garantia de alimento diário para as crianças e adolescentes.
A situação econômica dessas populações se já era bastante grave, torna-se absolutamente caótica. Isso porque tanto agricultura familiar perdeu grande parte ou a totalidade da sua produção, como as mulheres e homens que trabalhavam penosa e precariamente na cana de açúcar não têm mais onde trabalhar, pois várias usinas da região foram também afetadas fortemente pelas enchentes. O comércio dessas cidades é praticamente inexistente e antes das enchentes era, em sua maioria, informal. Ou seja, a maioria da população atingida pelas enchentes não tem nenhum FGTS para sacar, em que pese a liberação feita pelo governo federal.
Não podemos esquecer que se essa tragédia afeta toda a população dessas cidades, são as mulheres que recebem seus mais fortes impactos, pois, dada a divisão sexual do trabalho que marca a nossa sociedade, são elas as responsáveis pela alimentação, cuidado com a saúde, limpeza, atenção às crianças e idosos/as. Sabemos que os homens em várias dessas localidades começam a migrar para outros locais em busca de alguma condição de existência, deixando para trás as mulheres em situações de crua existência.
Fazemos essas considerações por termos a convicção política que não é possível tratar a tragédia que se abate sobre os estados de Pernambuco e Alagoas como sendo algo da ordem da natureza e que se divide em etapas de emergência e reconstrução, como se fosse possível que tudo possa voltar ao mesmo lugar; como se a emergência ficasse restrita as horas em que a chuva cai, os rios enchem, as pessoas se desabrigam, a sociedade se mobiliza com doações e o Estado distribui e limpa e cria políticas emergenciais. E ai, depois desse momento, quase sempre breve - o tempo em que duram as manchetes de jornais - a vida volta ao normal em sua reconstrução.
Para nós, as urgências dessas populações existem há muito mais do que 10 dias ou 10 anos. São mulheres e homens que vivem seus cotidianos em estado de emergência há muito tempo. O momento da reconstrução só fará sentido humano se suas ações alterarem radicalmente as condições de vida dessas pessoas e as nossas condições de vida. Isso porque essa é uma tragédia que diz respeito a todas e todos. É um problema nosso.
É preciso compreender que não há exatamente o que reconstruir. Não é um recomeço porque as pessoas perderam não apenas bens materiais, os parcos bens materiais que duramente conquistaram. As pessoas perderam suas histórias, seus trajetos, lembranças, memórias, referências. Não há lugar para voltar. É preciso, portanto, começar de novo, criar novos lugares, criar outras condições de existência, possibilitar não vidas cruas, mas vidas dignas.
Essa é a nossa luta e o nosso compromisso. Esse é o sentido das ações políticas que estamos fazendo, tanto no plano das ações diretas, junto às populações, quanto e especialmente na ação dirigida ao Estado. O que foi perdido não volta, mas sabemos que ação política comprometida com a igualdade e a dignidade para todos e todas é o único caminho para possibilitar a essas mulheres e homens horizontes e futuros.